Por que o Brasil vive uma avalanche de unicórnios

unicórnios

*Por Exame.com

Uma das medidas do sucesso do mercado de tecnologia de um país é o número de startups bilionárias que ele consegue produzir. Nos primeiros anos do Vale do Silício, essas empresas eram tão raras que passaram a ser chamadas de unicórnios. Aos poucos, elas passaram a aparecer às centenas mundo afora: em 2017 haviam 224, segundo o site TechCrunch.

Países como Israel, China, Suécia, Índia e até a Argentina tinham boas histórias de unicórnios para contar. Mas o Brasil, apesar de sediar promissoras empresas de tecnologia, ficava de fora da onda. Até agora. Em poucos meses, o país ganhou três unicórnios para chamar de seus – 99, PagSeguro e Nubank.

A sequência foi surpreendente: 2018 começou com a notícia de que a empresa de mobilidade urbana 99 havia sido adquirida pela agressiva gigante chinesa Didi Chuxing por supostos 960 milhões de dólares. No final de janeiro, o PagSeguro – spin-off do portal UOL – foi para o mercado de capitais e captou 2,6 bilhões de dólares em sua estreia na bolsa de Nova York. Agora foi a vez do Nubank, que anunciou ter-se tornado um unicórnio após um novo aporte série E.

A valorização desses negócios não é apenas uma coincidência. Segundo especialistas em startups ouvidos pela Exame, o surgimento de tantos unicórnios ao mesmo tempo possui duas razões claras – e pode apontar os próximos passos para o ecossistema de startups no Brasil.

Startups e estado do mercado

A primeira grande razão para tantos negócios inovadores brasileiros terem alcançado relevância financeira global foi o amadurecimento das próprias empresas.“Essas três empresas [99, PagSeguro e Nubank] estão em patamares semelhantes: elas começaram há alguns anos, atravessaram a crise econômica e provaram a sua consistência no mercado”, afirma Alan Leite, CEO da aceleradora Startup Farm.

Flavio Pripas, diretor do espaço de coworking Cubo Itaú, também destaca o mérito individual de cada um dos novos unicórnios, que exploraram dores de mercado cruciais.“A 99 é uma empresa que aproveitou a relevância do mercado de transporte de pessoas no Brasil, algo percebido por players internacionais também, como o Uber. O Nubank também está aproveitando um mercado consumidor enorme, que procura serviços financeiros desburocratizados. Já o PagSeguro considero que foi uma história construída ao longo de mais tempo, em processo de amadurecimento.”

Recuperação econômica e atração de investidores

Uma outra razão para o anúncio de tantos unicórnios em poucos meses é o otimismo conjuntural dos investidores estrangeiros, com base na melhora da situação econômica brasileira. “Eu acompanho o mercado desde 2008 e, entre 2010 e 2013, todos os olhos se voltaram ao Brasil como gerador potencial de negócios – incluindo aí sua indicação como sede da Copa do Mundo de 2014”, afirma Pripas.

A crise econômica afetou o interesse dos investidores, mas não impediu que os empreendedores nacionais continuassem a desenvolver negócios inovadores e enxergassem “um país continental, com uma população consumidora maior do que a de muitos países desenvolvidos”, diz o diretor do Cubo Itaú.

Os investimentos por parte de grandes empresas e investidores ficaram presos durante três anos – e essa represa se rompeu no último trimestre de 2017. “Muitas empresas fecharam mais negócio nesse período do que no resto de 2017 ou em 2016 inteiro.”Esses investimentos são essenciais para a avalanche de unicórnios. Diferentemente da leva anterior de empresas tecnológicas brasileiras, como TOTVS e UOL, as startups brasileiras operam em um modelo muito baseado em escalabilidade por meio de investidores externos, afirma Leite. “Vemos indicadores econômicos mais controlados e com perspectiva de melhora. Empresas e fundos investidores operam analisando o mercado, e tal conjuntura atraiu mais capital para as rodadas que vimos neste ano.”

A avalanche irá durar?

A melhora do ambiente econômico e de negócios significa que outros aportes de fundos e iniciativas de expansão das startups surgirão nos próximos meses – mas o ritmo não será mais de avalanche, afirmam os especialistas.

Mesmo assim, Pripas acredita que uma definição política pró-mercado nas eleições de outubro deste ano pode gerar um novo salto de qualidade nas startups brasileiras. “Estamos construindo a base agora. O investidor de risco aporta em uma perspectiva e realiza no fato, então já vemos investimentos antes do resultado eleitoral. O mercado de investimentos aposta nesse potencial de crescimento.”

Quais serão os próximos unicórnios? A grande aposta está na gigante Movile, dona de apps como iFood e PlayKids. “A Movile tem que ser o próximo unicórnio. Ela está quase lá”, diz o diretor do Cubo Itaú. Já o CEO da Startup Farm acrescenta que vale ficar de olho em fintechs como o Banco Inter, a Ebanx e a Stone Pagamentos.

Para ficar na analogia mitológica dos unicórnios, pode-se dizer que o mercado brasileiro de tecnologia vive um momento dos sonhos.

* Por Mariana Fonseca para Exame.com

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