Realizado em Córdoba, a versão 2015 do Interaction South America durou 4 dias e contou com quase 200 palestrantes. Pra quem não conhece o evento, já comentamos aqui a edição 13 e 14.
Os dois primeiros dias foram dedicados à workshops e palestras curtas, submetidas pelos membros da própria comunidade IXDA. Os últimos dois dias foram realizados em um auditório, onde os principais keynotes foram apresentados.
Abaixo, os pontos altos do evento e os principais insights de cada apresentação segundo Willian Sertorio e Giu Vicente.
Keynote: Stephen Anderson – Seductive Interaction Design
O autor de Seductive Interaction Design falou sobre a diferença entre design de produto e design de experiência.
Falta profundidade nos produtos que desenhamos. Produtos como Nest, Square, Medium e Slack nos cativaram não apenas por serem produtos muito bem executados. Todos eles tem algo a mais. São produtos que seguem um pricípio forte, por exemplo, o Medium é uma plataforma que não permite temas, nem URL específica, nem coisas do tipo. O que eles acreditam é que estão entregando um produto bom, dentro dos seus princípios – mesmo que isso seja disrupção..
Dessa forma, como projetar uma boa experiência?
O primeiro passo é alinhar sobre que experiência vamos desenhar. O foco é fazer o usuário “ser” diferente, e não apenas completar uma tarefa. Uma forma legal de dividir essas percepções é com o seguinte modelo. Se quiser ir a fundo, existe um post bem completo sobre o tema.
When ____, I want to _____, So I Can _____.
[Situação – Motivação – Resultado]
Keynote: Abby Covert – How to make sense of any mess
Abby Covert nos desafiou a ajudar as pessoas a entenderem a complexidade ao seu redor. Com exemplos simples de como substimamos o entendimento coletivo sobre um fato ela propões que sejamos os responsáveis por tornar conceitos complexos entendidos por todos.
Ela levanta três tópicos para quando trilharmos esse caminho:
- Linguagem importa.
- Não há um “modo correto”.
- Precisamos visualizar.
Um exemplo de que temos pensamentos diferentes sobre o que achamos padrão universal é organizar sua coleção de vinils entre duas ou mais pessoas. Ordenando por ordem alfabética mas por qual item? Nome do artista? Sobrenome? Álbum? Ano? Tipo de música? Enfim, hoje temos maneiras diferentes de acessar o conteúdo como em um loja real de vinils e o spotfy, por exemplo. É preciso apresentar um caminho para que haja um entendimento entre o time.
Design Sprint na Prática
Matina Moreira mostrou como está usando a metodologia de pesquisa e desenvolvimento do Google dentro do Banco Itaú. Aqui o papel do designer é ser facilitador desse processo.
Um dos pontos que achei mais interessante é o pré-sprint que ela faz, de preparação. Nesse momento, é hora de definir o problema (que ela faz junto com o dono do projeto, e não coletivamente), realizar entrevistas e preparar o terreno para a a semana do sprint ser mais proveitosa possível.
Para conduzir o workshop, um dica importante é fazer as atividades propostas antes, sozinho. Dessa forma, se o grupo travar, você pode sugerir um caminho.
Para testar os protótipos, ela aborda funcionários da própria empresa que se encaixam dentro do perfil. Dessa forma, ela consegue validação do público “real”, sem comprometer a confidencialidade do projeto.
Workshop: Creating Tomorrow Cities, Together
Conduzido por Ricardo Brito e Paul Houghton da Futurice, o workshop mostrou os principais conceitos de Internet das Coisas dentro de cada ponto de vista: cidadão, contexto e provedor de serviço.
O assunto é novo e existem mais perguntas do que respostas. Como funcionaria uma cidade totalmente “digital”? Quem seria o dono desses dados? Com esse monte de dados, como evitar publicidade invasiva por parte das empresas? (Exagerando: A porta da sua casa só vai abrir se você assistir o comercial até o fim).
Um dos exemplos de como o conceito de Internet das Coisas pode melhorar exponencialmente a experiência de consumo é o MagicBand, da Disney. A pulseira já foi tema aqui no Blog. Ela funciona de forma “mágica”, permitindo que você faça compras, acesse seu quarto de hotel e até peça seu prato favorito no restaurante com o mínimo possível de atrito. Imagine uma cidade, serviços públicos, rodando em cima do mesmo conceito.
Na parte prática do workshop, nos dividimos em grupos e cada um escolheu um cenário: evento, praça, supermercado ou prédio comercial. A partir disso, nós levantamos os principais problemas desse ambiente e como a IoT pode resolvê-los de alguma forma. Usamos o IoT Service Kit, uma ferramenta muito legal criada pela Futurice, para prototipar esses serviços e interações.
Veja como funciona:
Sin ROI no hay diseño: 5 claves para entender al Negocio y ser parte de la toma de decisiones
Palestra da Sol Mesz, esse talk foi sobre empoderamento do designer em um ambiente onde decisões de negócios são tomadas e não somos chamados para participar delas.
“Design is king, but business is queen and she rules the castle.”
Um dos problemas é que muitos de nós vemos o design como disciplina, e não como parte do negócio. O sponsor do projeto dificilmente sabe quais são os processos de design e como medir se um design deu certo. Falta cultura.
Ela levantou 5 pontos para que designers sejam mais presentes em decisões importantes:
- Desenvolver empatia pelo negócio e falar a língua dele.
- Não enxergar as considerações de negócio sempre como limitações.
- Educar as outras equipes sobre design (ser facilitador de processos de co-criação, dividindo pesquisas, personas e insights).
- Definir KPIs e métricas de sucesso para cada design projetado.
- Apresentar design em termos de negócio, não apenas em termos visuais. Por exemplo: “Aumentamos e reposicionamos a caixa de busca pois 70% dos usuários entrevistados teve dificuldade em encontrá-la.”
No geral, observei dois padrões temáticos nas palestras. Vejo isso como a prova de que a nossa profissão está realmente assumindo novas características no mercado.
- Designers aprendendo a medir o próprio trabalho
- Designers participando de decisões de negócio através de facilitação e co-criação
A próxima edição vai ocorrer em Santiago, no Chile.
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