Conta Aravind Ravi em um artigo recente sobre uma discussão que teve com um amigo sobre a pergunta acima. A opinião de seu amigo era um pouco polêmica:
“Um processo é criado e documentado para que possa ser replicado e seguido por qualquer pessoa. UX é um campo novo e não está maduro o suficiente para que seus processos estejam todos documentados. Você não precisa mais de um especialista se os seus processos estão documentados – qualquer pessoa pode aprender o processo e segui-lo. Não existirão mais ‘profissionais de UX’ uma vez que isso comece a acontecer. UX não é uma especialização, é simplesmente uma habilidade que pode ser facilmente transferida.”
Mas será mesmo que isso é verdade?
UX é, sim, uma disciplina de processos
Mais do que outras disciplinas relacionadas, UX é sim uma disciplina que se apoia muito em processos. Afinal, o que estamos entregando no fim do dia não são artefatos tangíveis que o usuário verá em sua frente ao interagir com o produto – designers visuais/UI e desenvolvedores têm muito mais acesso ao produto final do que o time de UX.
Por isso mesmo, muito do que fazemos depende de estabelecermos os processos certos e sabermos a hora certa de usar cada um deles. Se você não tem certeza de quais são esses processos dos quais estamos falando, recomendo dar uma olhada nessa lista aqui que criei há algum tempo. Mas só para citar alguns: pesquisa com usuários, observação contextual, análise de dados, personas, user stories, cenários, wireframes, protótipos, testes de usabilidade – e por aí vai.
O fato é que esse processo já está, sim, documentado. E há anos. Apesar do termo “UX” ser relativamente novo, o Design Centrado no Usuário (ou User Centered Design) já existe há algumas décadas. Todos esses processos que usamos hoje foram criados ou derivados da fusão de campos de estudo como Design, Psicologia e Engenharia.
Mas peraí. Se esses processos que usamos no dia-a-dia já existem há anos, e já estão documentados há um tempão, porque é que os “profissionais de UX” ainda não foram extintos? Teoricamente, segundo a afirmação no início do texto, qualquer pessoa pode simplesmente seguir esses processos à risca e criar os melhores produtos do mundo.
Não?
Não.
Apesar de toda a ciência por trás do design centrado no usuário, ainda vemos más experiências de uso e má usabilidade por aí…
O outro lado da moeda
Respondendo à pergunta-título do post: não, UX não é simplesmente uma técnica ou um processo. Conhecer os processos é uma coisa; saber aplicá-los é outra; aplicá-los da melhor forma possível é outra ainda – e existem diferenças grandes aqui.
No mesmo artigo, Aravind discorre sobre como existem outros fatores (além do processo) que também são determinantes para o sucesso de UX em determinado projeto. Quatro fatores, para ser mais específico: Atitude, Aptidão, Experiência e Personalidade. E são justamente esses fatores que tornam UX Design uma habilidade “intransferível” ou “não-automatizável”. Vamos a elas:
- A atitude.
A atitude de um designer representa seu modo de resolver problemas. Entre vários fatores, auto-crítica é uma das habilidades mais importantes em designers que têm boa atitude. Estar ciente de nossos próprios viéses cognitivos nos torna mais empatéticos e capazes de identificarmos melhor os pensamentos, sentimentos, percepções e opiniões de outras pessoas. - A aptidão.
Não adianta um processo estar super bem documentado, se o designer não é capaz de executá-lo da melhor forma possível. Aptidão diz respeito justamente à essa habilidade de executar um processo, levando em consideração e driblando algumas das eventuais limitações ou restrições de negócios ou de tecnologia. - A experiência.
Além da atitude e da aptidão, tem também a experiência; quanto mais experiência um designer tem em seguir determinado processo, mais eficiente o processo se torna. Experiência leva a auto-confiança (atitude), que leva a melhor desempenho (aptidão). Mas é preciso ter cuidado com o excesso de confiança, que pode acabar sendo mais prejudicial do que benéfico para o projeto. - A personalidade.
Design não é uma habilidade adquirida somente através de educação e prática. O trabalho que um designer produz está intrinsicamente influenciado pelas características de personalidade que ele adquiriu ao longo de sua vida. Nós não desenvolvemos empatia por nossos usuários simplesmente porque estamos trabalhando em um documento de personas. Empatia vem de se preocupar com as coisas e pessoas ao nosso redor, não de escrever user stories.
Pois é, parece que processo não é tudo nessa vida. Pelo menos pela próxima década, nós UX Designers não seremos substituídos por robôs. Ou seremos?
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