Criação de empregos. Geração de impostos. Não ter (de aguentar) um patrão. Transformar a sociedade onde se está inserida.
Tudo isto pode ser apontado como elemento motivador para se abrir uma empresa. Acontece que nenhum destes fatores é a causa principal da existência e manutenção do funcionamento de uma empresa.
Antagonicamente, parece elementar e ao mesmo tempo proibitivo em nosso país falarmos que uma empresa existe para se gerar dinheiro para seus fundadores, ou seja, maximizar o seu capital.
Mais corretamente falando, uma empresa serve para gerar valor para seus acionistas. Afinal, nem tudo o que uma empresa produz, se traduz instantânea e mensuravelmente, em fluxo de caixa, como os elementos intangíveis: marcas, patentes, know-how, etc.
A célebre frase de Adam Smith sintetiza perfeitamente este assunto: “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos próprios interesses.”
É evidente que uma empresa não poderá gerar nenhum benefício para seus funcionários ou mesmo para a sociedade como um todo, se não sobrar dinheiro.
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Aliás, esta premissa se faz verdade mesmo para entidades sem fins lucrativos: é preciso que qualquer negócio seja superavitário, com as receitas maiores que as despesas.
Então, o lucro do empresário é o elemento propulsor de diversas oportunidades de mudanças que uma empresa é capaz de criar numa sociedade.
Mas por que, no Brasil, ter lucro é “pecado”?
Sejamos justos: nem todo lucro é criticado em nosso país. Se você investe em imóveis ou em renda fixa, provavelmente não tem seu direito ao lucro tão contestado assim.
Ao contrário de ter uma empresa, estes investimentos possuem menos riscos. Só que eles têm impactos sociais bem menos importantes. Eles não geram tantos empregos e impostos proporcionalmente às empresas.
Quem abre o próprio negócio está sujeito a toda sorte de burocracia e de riscos. Por exemplo, fiscais, ambientais, alfandegários e financeiros. Dois outros riscos são particularmente perigosos e bem brasileiros:
- Trabalhista: experimente entender e contextualizar nossa CLT, de mais de 70 anos, conjugada com os acordos sindicais.
- Tributário: eu brinco que desisti de me aprofundar no assunto quando meus sócios, bastante experientes na área, discutiam por horas com nosso consultor tributário!
Perde-se muito tempo no Brasil tentando entender e resolver assuntos burocráticos. E quem tem uma empresa em nosso país está muito mais exposto a esses problemas. Evidente que seria mais nobre que este tempo fosse dedicado para a administração do negócio em si.
Correr todos estes riscos, definitivamente, não é para qualquer um. Com as mais altas taxas de juros reais do mundo, muitas pessoas que têm dinheiro preferem “sentar sobre o dinheiro”. Investir em renda fixa, por exemplo, é mais simples que correr os riscos de se empreender no Brasil.
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Motivos da falta de incentivo ao empreendedorismo
Creio que toda a falta de incentivo ao empreendedorismo no Brasil venha do histórico governamental populista que vivenciamos.
É conveniente a estes governos a retórica da divisão da sociedade entre os ricos e os pobres, os donos de empresa (ditos “exploradores”) dos trabalhadores. Afinal, os pobres serão eternos dependentes da intervenção do governo na economia, no mercado de trabalho e projetos sociais.
Nenhum modelo econômico já implementado no mundo conseguiu fazer a chamada “distribuição de renda”. Não sem o estímulo e participação primordial da iniciativa privada e da livre concorrência.
Qualquer iniciativa de controle estatal para prosperidade social só funcionou nos livros anticapitalistas. Os exemplos práticos disponíveis dos governos populistas revelam êxito na promoção da igualdade social, mas, infelizmente, apenas em sua pobreza.
Nivelação por baixo, como podemos ver na Venezuela, Coréia do Norte e Cuba. Como disse Mariano Grandona, jornalista argentino: “o populismo ama tanto os pobres que os multiplica”.
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Não há lógica em uma sociedade que não privilegie os que correm mais riscos e não fomente a meritocracia. Se todos ganhássemos a mesma coisa, para que correríamos riscos?
Educação, o caminho para a independência
O principal papel de um governo para ajudar as famílias menos favorecidas deveria ser no estímulo à sua independência: a educação.
Mas qual governo quer cidadãos mais instruídos e exigentes? Que governo deseja investir muito dinheiro, para um trabalho que começará a ter resultados, no mínimo, mais de uma década depois?
O que temos visto é justamente o contrário: programas educacionais benéficos são simplesmente extintos ou seriamente modificados. E isso, simplesmente pela ocasião da pasta da educação mudar de mãos.
Educação e empreendedorismo estão intimamente ligados. Pessoas com melhor formação educacional estão mais propensas a empreender, com maiores chances de sucesso, inclusive.
Do outro lado, uma sociedade com mais empresas estimula as pessoas a buscarem seu aprimoramento profissional. A competição das empresas por profissionais aumenta a remuneração dos trabalhadores.
Se você duvida que o sucesso econômico depende de uma sociedade empreendedora e com alto nível educacional, imagine se o Vale do Silício poderia ter nascido aqui (até hoje, nossa indústria de chips é incipiente).
Ou pense: qual seria a chance de você ter chegado onde está se você tivesse nascido no Zimbábue? Lá um ditador comanda um dos países mais pobres do mundo por mais de 30 anos…
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Como a educação e o empreendedorismo mudaram a minha vida
Minha empresa nasceu dentro da firma de meu pai. Considero que sou herdeiro indireto de dois fatos muito importantes que aconteceram na vida dele:
- Conseguir se formar, mesmo morando na roça;
- Influência de seus empregadores anteriores, que o estimularam direta e indiretamente a abrir uma empresa.
Sem isto, tenho certeza que minha empresa não seria possível. Também não saberia dizer se algumas pessoas que trabalharam comigo, que deixaram minha empresa para criarem seus próprios negócios, teriam esta oportunidade.
Meu pai, seu antigo empregador e eu estudamos na primeira escola de eletrônica do Brasil. Ela foi trazida para nossa pequena cidade, pelas mãos da pessoa mais empreendedora que já passou por aqui: uma mulher chamada Sinhá Moreira.
Nossa cidade, Santa Rita do Sapucaí, hoje possui um ecossistema de empresas voltadas à eletrônica. Tudo graças ao empreendedorismo de dona Sinhá, e ao impacto da Escola Técnica de Eletrônica em nossas vidas. Educação e empreendedorismo contagiam, e seu efeito dura por muitas gerações.
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Conclusão
Os recentes governos populistas no Brasil foram alvos dos maiores escândalos de desvio de dinheiro para seus projetos de governo e pessoais de seus líderes.
Torço para que estes desastres sejam a semente para uma discussão de que modelo de sociedade gostaríamos de construir para nossos filhos. Precisamos do Estado como interventor central da economia? Ou precisamos de um ambiente de educação e estímulo ao empreendedorismo?
O lucro dos empresários são frutos do êxito em sobreviver às altas taxas tributárias que envolvem ter uma empresa no Brasil. A pesada carga de impostos é fator preponderante para esta triste realidade: metade das empresas fecham as portas em menos de quatro anos em nosso país.
Em uma sociedade séria, o lucro dos empresários é reflexo extremamente positivo: significa muito dinheiro em impostos, que são revertidos à educação. Esta, sim, é a única fonte de libertação e igualdade social realmente factível no mundo.
Com educação, aprendemos que não se deve colocar o futuro nas mãos de um governo. Começamos a não acreditar em tudo o que nos dizem. Descobrimos que o emprego atual não deve constituir os nossos limites.
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Passamos a torcer e trabalhar para que cada vez mais as empresas tenham lucro. E este é um indicador inequívoco de que as coisas estarão bem por aqui – e de oportunidades reais para todos.
Como disse Vince Lombardi: “É hora de ficar de pé e aplaudir o realizador, o empreendedor. Aquele que reconhece o desafio e faz algo para vencê-lo”.
------Este artigo foi escrito por William Ribeiro.
Engenheiro da Computação pelo INATEL, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Criou e dirigiu por 15 anos a empresa RWTECH. É educador financeiro (Minha Vida Nova), empresário e investidor.
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