Liderança em design: um ponto de vista mais humano

Liderança, por incrível que pareça, está muito mais ligado a empatia do que poder.

Quero com esse artigo expor um ponto de vista mais humano sobre a função da liderança, tentar fugir dos padrões já citados milhares de vezes em diversas plataformas, livros e revistas ao redor do mundo. E trazer um ponto de vista mais singular e humano sobre isso.

Há três anos, recebi meu primeiro convite para um cargo de liderança. Estava no meu 9˚ano atuando como designer e confesso que foi inesperado — porém, não foi uma surpresa. Ao menos para mim, meu caminho profissional apontava para isso.

Adoro essa posição de ser a voz de um time, de potencializar e ser um facilitador, de criar não só novos elos profissionais, como fazer amigos.

Liderança, por incrível que pareça, está muito mais ligado a empatia do que poder.

O poder de um líder nada mais é, do que uma consequência de uma boa liderança — inevitavelmente, vem.

Os desafios de estar nesta posição (ao menos quando se refere a liderança em design) é bem desafiador; circunstâncias inesperadas e novos desafios surgem a todo momento. Há de saber dosar os momentos certos de intervenção, ensinar na hora de ensinar, aprender na hora de aprender e cobrar na hora de cobrar. Tudo tem seu momento certo.

A leitura destes momentos — acredito que para qualquer líder — é volátil.

Gosto de fazer uma analogia ao afinar um instrumento musical:

A corda de um violão, precisa estar tensa na medida certa; afinada, para que o seu som seja produzido com a devida qualidade e performance.
Uma corda muito apertada ou muito frouxa, definitivamente não está sendo utilizada da maneira certa.
O líder é aquele que afina uma corda. É o responsável por potencializar e dar a dimensão certa para uma performance no mínimo aceitável.

Um aspecto que considero fundamental em um processo de liderança é o fundamento da liderança ativa. A liderança que de fato vivencia e trabalha em equipe e com a equipe, que estabeleça um elo de confiança, seja ativo no dia a dia e demonstre interesse nas atividades realizadas pelo time diariamente; não só trazendo novas soluções para os dados problemas, como também colocando as perguntas certas no momento certo.

Um bom relacionamento, uma boa política entre áreas e a leitura de saber conquistar e ceder são características com que me esbarro quase diariamente em meu trabalho.

Oportunidades vem e vão, constantemente. E são elas que vão criar um profissional bom ou mal.

Gostaria de destacar alguns pontos pelo qual eu criei um pouco mais de sensibilidade enquanto líder que gostaria de dividir.

1. Saber ouvir

Talvez essa seja uma das principais características de um líder, seja lá qual for o segmento.

Saber dar a escuta certa, no momento certo (oportunidade) é extremamente importante — o poder da audição e dar espaço para o próximo falar é fundamental para alguém que desempenha o papel de um líder.

2. Saber potencializar

Acredito que seja mais sobre potencializar do que inspirar. Um bom líder traz e revela a potência em si, potencializando seus liderados.

Há necessariamente uma retroalimentação, onde fatores motivacionais, se estabelecem de forma natural — ultrapassar a barreira do “já esperado” é um exemplo disso.

Perceber a evolução técnica e/ou emocional de um liderado é um dos principais objetivos de um líder. É de fato a prova concreta de que a liderança está dando certo.

3. Saber facilitar

É um trabalho contínuo, levantado dia a dia, onde métricas acabam por ser secundárias.

A liderança está muito ligada a continuidade e perseverança.

Em tirar obstáculos da frente de liderados para que haja expansão pessoal e profissional.

Em acreditar na evolução através da capacitação técnica e emocional.

4. Saber ler as oportunidades certas de intervenção

Durante o exercício de se liderar alguém, existem momentos em que naturalmente abre-se oportunidade de colocar uma objeção, crítica ou comentário.

Existe um timing para isso, e acredito eu que o papel de um líder é criar sensibilidade para achar esse momento, fazer a leitura certa e a intervenção certa para tal.

E por que isso?

O ponto é que, tanto para intervenções técnicas como não técnicas, o atravessamento pode ser mais condizente e assertivo para um determinado momento, do que para outro. E isso pode trazer muitos benefícios e aprendizados, buscando assim a melhor forma de ouvir, refletir e se posicionar perante as situações assim apresentadas.

Pirâmide com os cinco níveis de liderança do livro How Successful People Lead.
Os cinco níveis de liderança: 1. As pessoas seguem porque devem. — 2. As pessoas seguem porque querem. — 3. As pessoas seguem pelo que você fez pela empresa. — 4. As pessoas seguem pelo que você fez por elas. — 5.As pessoas seguem por quem você é e o que você representa.

Há um livro em especial que me ajudou muito a entender o papel e as obrigações de uma boa liderança: How Successful People Lead — John C. Maxwell.

Foi um livro que se sobressaiu dentre muitos outros do mesmo segmento, principalmente pela forma que a função da liderança se fundamenta perante questões ordinárias do dia a dia de um líder.

Dentre diversas lições e apontamentos, esse “gráfico” foi um dos pontos fundamentados no livro que me chamou bastante atenção, que são os níveis de influência de um líder dentro de uma corporação, e o significado do mesmo para pessoas.

A ideia não é botar rótulos ou títulos de pessoas dentro de caixinhas, e sim de fato entender o significado por de trás de posição. Como um caminho natural e a influência entre pessoas são compreendidas.

Basicamente, o líder que detém maior representatividade e influência é justamente aquele que apresenta maior genuinidade de seus talentos e posicionamentos para com as pessoas.

Ele é seguido simplesmente pelo o que é e representa, simples assim.

Valores, pessoas e empresas

Um líder se conecta cada vez mais com uma busca de um significado que vá além de um reconhecimento financeiro.

Essa busca traz à tona o valor de uma proposta mais genuína de trabalho, pelo sentido naquilo que se faz e é essencial para elevar o nível do trabalho.

As empresas, de fato, vêm se manifestando no sentido de encontrar uma proposta de valor mais clara, onde apresentam uma cultura genuína e diferenciada, tais valores também edificados por um mindset que visa não somente a evolução de pessoas que trabalham lá, como também alcançar objetivos financeiros assim estipulados.

O líder é uma peça chave para essa engrenagem rodar. Pois, não é somente um facilitador para que isso aconteça, como também um agente de mudança.

Aquele que direciona e alça novos voos, um time a novos desafios que se propõe a estar fora da tão falada zona de conforto.

Vejo que essa tríade se retroalimenta:

  • Valores
  • Pessoas, e
  • Empresas.

As conexões realizadas por elas tendenciam a serem mais fortes, gerando mais vínculo e trazendo satisfação para todas as partes.

A edificação de uma cultura, é, não somente responsável por manter a cultura de uma empresa sólida, mas também para facilitar diversos outros fatores como: recrutamento de novos talentos, maior representatividade em meio a sua indústria e uma maior elaboração e confiança em termos de objetivos financeiros a serem alcançados.

Gostaria de finalizar esse artigo com uma frase que traz bastante sentido
para mim e sintetiza muito do papel da liderança:

“A good leader inspires people to have confidence in the leader; a great leader inspires people to have confidence in themselves.“
— Eleanor Roosevelt
O UX Collective doa US$1 para cada artigo publicado na nossa plataforma. Esta história contribuiu para o Bay Area Black Designers: uma comunidade de desenvolvimento profissional para pessoas Pretas que são designers digitais em San Francisco. Por serem designers de um grupo pouco representado, membros do BABD sabem o que significa ser “o único” em seus times de design e em suas empresas. Ao se juntarem em comunidade, membros compartilham inspiração, conexão, mentoria, desenvolvimento profissional, recursos, feedback, suporte, e resiliência. Silêncio contra o racismo sistêmico enraizado na sociedade não é uma opção. Construa a comunidade de design na qual você acredita.

Liderança em design: um ponto de vista mais humano was originally published in UX Collective 🇧🇷 on Medium, where people are continuing the conversation by highlighting and responding to this story.



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